LIBERALITAS JULIA

Estórias d´Évora

quarta-feira, agosto 06, 2008

Memórias sobre Soljenitsine

Lendo sobre a morte de Alexandre Soljenitsine, veem-me à memoria 2 livros que por razões diferentes marcaram o meu ano de 1970.

Um por que desmascarou o concentracionismo soviético, vulgo Gulag, onde durante anos viveu o horror dos campos de concentração.
É evidente que a comunistagem de pé-rapado e os patetas controleiros sempre o repeliram, difamaram e remeteram para a categoria de panfletário "anti-soviético", assim como muitos direitistas o exaltaram pelas mesmas razões, muitos sem jamais dele terem lido duas páginas.

O outro, não tanto pelo tema em si, mas muito mais, pela pessoa que mo ofereceu e as razões porque o fez.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

«Confesso que nunca senti grande interesse e atracção pela escrita de Alexander Solzhenitsyn até me chegar às mãos, há cerca de 15 anos, esse monumento que dá pelo nome de Agosto de 1914, quiçá a mais bem sucedida e legível obra do autor do Arquipélago Gulague. O seu profundo misticismo, traço que o liga aos maiores prosadores russos de Oitocentos, a atmosfera densa, as personagens hieráticas que lembram bonecos de Deus, a permanente presença da queda sem remissão, o fatalismo associado ao absurdo da paranóia concentracionária que tão bem conheceu, condenam-no a autor "regional" à margem da tradição literária ocidental, a qual, aliás, detestava. A obra, ameaçada pela historicidade e pelo tom auto-biográfico, desenvove-se em torno da condenação do comunismo (v. O Primeiro Círculo; Um dia na vida de Ivan Denisovich), impedindo que dela se lavre imparcial juízo sem que se dissolvam os miasmas dessa brutalidade que se abateu sobre a Rússia, a matou como potência cultural e como Terceira Roma. É evidente que a comunistagem de pé-rapado, as cabeças cinzentas e os patetas líricos sempre o repeliram, difamaram e relegaram para a categoria de panfletário "anti-soviético", assim como muitos direitistas o exaltaram pelas mesmas razões, muitos sem jamais dele terem lido duas páginas. Neste particular, Solzhenitsyn pouco mais valerá que Harriet Beecher Stowe e a sua Cabana do Pai Tomás.

Contudo, lendo 1914, há ali potência, complexidade e naturalidade que fazem uma obra de arte. É o retrato completo e panorâmico de uma certa sociedade que morreu, talvez o último momento em que à inteligência foi dada voz. Depois, foi o ascenso das massas, das carnificinas, das demolatrias e sua crueldade, ódio e incapacidade para ver para além da gamela e do porta-moedas. Recomendo-o vivamente, pois ali está toda a sociologia, toda a política, toda a filosofia e toda a economia de uma Europa à beira do suicídio.

Solzhenitsyn não teve vida fácil, nem após a queda do comunismo. O seu nacionalismo moderado mas firme concitou ódios entre os patetas ultra-nacionalistas - os tais que pregam "os valores" e o "orgulho nacional" mas nunca leram um livro, não conhecem um monumento, não cultivam a língua nem sabem da história do seu próprio povo - como ofendeu quem pensava poder atraí-lo para as delícias do mercado. Manteve-se, sempre, obstinado e quase quadrado, agarrado à visão de uma Rússia imperial, ortodoxa, arcaica e quase selvagem.

Foi um homem de grande coragem, não há que duvidar, chegando ao extremo de se solidarizar com os alemães, esmagados, agredidos, roubados e mortos como animais pelo Exército Vermelho (v. Noites Prussianas), de condenar a duplicidade dos Aliados, atacar acerbamente os militantes anti-guerra do Vietname e defender uma Nova Rússia monárquica. Mas tudo isso é secundário. Importa é ler 1914.»

Publicada em 06 Agosto 2008, por COMBUSTÕES
(http://combustoes.blogspot.com/2008/08/bisonho-terrfico-e-anti-moderno.html)


Aqui fica o texto completo.
Claro que isto dos plágios deve ser coisa da "comunistagem de pé-rapado e seus controleiros". Pobres patetas estes secretários ernestinos.

6:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os controleiros, estão atentos.

6:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Essa da "comunistagem de pé rapado e controleira", fez mossa no das 6:02PM

7:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Patetas e plagiadores, mas muito "amigos da presidência", que o mesmo é dizer: amigos da gamela e do porta-moedas.

9:28 da tarde  

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