LIBERALITAS JULIA

Estórias d´Évora

quarta-feira, julho 15, 2009

Evora

"A pastelaria que fecha, os flatos de D. Floripes, os comunas que dominaram no passado, os proxenetas que dominam no presente, os gulosos acéfalos que nunca lá estiveram, os 'secretários', a 'silveirinha', o detalhe escabroso, o insulto, a calúnia, o apelo ao arrancar de cartazes, o louvor do apelo ao arrancar de cartazes...
Évora é, cada vez mais, uma realidade compactada, pequenina, afunilada, á semelhança do país que temos e merecemos.
E este espaço é a prova cabal disso.
Parece que todos se conhecem e se insultam há anos, com os mesmos erros de português, os vícios do pontapé na gramática e na dignidade das comadres, das alcoviteiras de serviço, dos que estiveram, estão e querem estar na Praça do Sertório.
Évora é uma aldeia grande, no pior que uma aldeia inquinada pode ter.
Vejo a minha cidade definhar, entregue a toda esta gente, a esta pseudo-democracia do 'conheço as tua roupa interior e sei que cheiras mal dos pés'. todos sabem os podres de todos , todos gritam e moralizam todos e, vista ao longe, Évora mantém 'sex appeal', como uma vetusta senhora a quem a idade degrada o corpo sem que ao longe se note.
E, por dentro, estas pseudo-forças políticas, de gente nas sedes dos partidos, despudoradamente sobrevalorizadas, narcísicas e tolhidas por uma gula torpe e boçal, avançam como metástases.
O drama das pastelarias que há anos têm péssimo serviço e nada têm de novo ou de qualidade para oferecer, como quem nunca se lava e põe perfume...
E temos pena e protestamos e queremos aviões e fábricas pr´speras e produtos DOP e vinho de qualidade e azeite e transportes urbanos que não lancem nuvens negras ao seu redor e mega shoppings e hipermercados onde não falte sempre qualquer coisa e lojas onde não nos tratem por Sr. engº para sermos bem atendidos, e bancos onde não nos sintamos indigentes se não tivermos uma chafarica medíocre e decrépita que nos faça sentir 'empresário' e uma universidade onde a reitoria não seja um bando de depenados pavões, de imperadores 'de fato novo', e empregos que nascem porque conheecemos fulano e fulano que conhece o chefe do amigo do outro, e uma educação que não tenha como testa-de-ferro figuras circenses e uma câmara que não tenha gente a mandar em coisas que não faz ideia como se fazem e rotundas com 20 cm de diâmetro e paragens de autocarro dentro de rotundas e casas sem escolas e uma ecopista que atravessa vias de circunvalação e uma muralha com luzinhas a lembrar que Évora é património da humanidade... uma cidade onde... cansei-me.
E agora, vêm os insultos e a classificação do que disse como grego, troiano, sionista, palestiniano, cubano, neo-liberal...
Não há nada a fazer.
Évora, património pequenino e compactado da realidade, aldeia onde todos sabemos a cõr das cuecas dos outros acabará por se tornar em algo que toda esta gente merece...
Bom trabalho.,,"