LIBERALITAS JULIA

Estórias d´Évora

domingo, agosto 10, 2008

Controleiros e "comunistagem de pé rapado"

"Há trinta e tal anos, num país de fantasia, certo domingo de Outubro foi sovieticamente transformado em dia útil de trabalho para a nação.
A receita oferecida de bandeja pelos trabalhadores portugueses cifrou-se então em 80 mil contos.
Os autores da proeza: o primeiro-ministro Vasco Gonçalves e o ministro do Trabalho Costa Martins, que depositou o dinheirinho na sua conta pessoal da Caixa Geral de Depósitos.
A valores de hoje, seriam mais de 2 milhões de contos ou 10 milhões de euros..."

BOS no NF

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Patetas e plagiadores, mas muito "amigos da presidência", que o mesmo é dizer: amigos da gamela e do porta-moedas.

9:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

DIA DE TRABALHO VOLUNTÁRIO

No dia 6 de Outubro de 1974, milhares de pessoas em todo o país decidiram responder ao apelo para a realização de um dia de trabalho voluntário para a Nação. Esse domingo ficou na memória de José Vale Costa, como um dos dias mais belos e solidários do período revolucionário. Reconhecido como um operacional da revolução em Setúbal, uma vez que participou activamente em todas as acções promovidas pelos partidos e movimentos de esquerda, 25 anos depois José Vale Costa ‘desenterra’ recordações de uma época que definiu o rumo político do país.

SR – Onde é que estava no dia 6 de Outubro de 1974?

José Vale Costa – Recordo-me que era um domingo e passei todo o dia a fazer trabalho voluntário na então Caixa de Previdência, onde a minha mulher trabalhava. Foi o chamado dia de trabalho para a Nação, onde muita gente foi exercer trabalho voluntário em tudo o que era instituição do Estado. Eu, como pouco ou nada sabia daquelas funções, passei o domingo todo a cortar e a colar fotografias dos beneficiários nas respectivas fichas.

SR – Como é que surgiu o apelo ao dia de trabalho para a Nação?

JVC – O apelo surgiu do governo de Vasco Gonçalves, no sentido de ajudar as instituições do Estado. E quando Vasco Gonçalves pedia uma coisa o povo fazia, gostávamos muito dele porque era considerado um símbolo da revolução. Assim, nesse dia, milhares de pessoas de todo o distrito aderiram ao dia de trabalho e, apesar de ser um domingo, todos fomos trabalhar no que calhou. Eu era empregado de escritório numa empresa privada, por isso decidi ir prestar serviço na Caixa de Previdência ao lado de centenas de outros voluntários.

SR – Quando lá chegou, sabia que funções iria desempenhar?

JVC – Não sabia de nada, mas também não me importei com isso. Fiz aquilo que me pediram, com todo o gosto, porque estava desejoso de dar qualquer coisa à Nação. O que eu queria era ajudar o país e a revolução, ou seja, fazer parte daquela onda de solidariedade nacional. Portanto, quando surgiu o apelo não pensei duas vezes e fui fazer trabalho voluntário. E não fui só eu, porque naquele dia toda a gente estava imbuída do mesmo espírito solidário, um espírito único que só encontrei durante o período revolucionário e que nos levava a sentir que éramos importantes para a democratização do país.

SR– A população contou com a ajuda do Governo Civil e da Comissão Administrativa da Câmara para esta acção?

JVC – O Governador Civil não se metia nestas coisas e a Câmara também não se manifestou a propósito, embora tivesse contado também com algum trabalho voluntário. Para além disso, a gente não precisava da ajuda de ninguém porque, o que o Vasco Gonçalves dizia a população do distrito fazia sem questionar. E tanto assim é, que Setúbal foi um dos distritos que mais aderiu ao dia de trabalho para a Nação.

SR – De que modo é que esse dia de voluntariado contribuiu para a revolução?

JVC – De uma maneira muito simples: para além de ajudar as instituições do Estado, reforçou ainda mais a união das pessoas em torno de uma causa comum: a conquista da liberdade. Recordo que tínhamos saído de um período assustador, que foi a tentativa de golpe de Estado de direita, da chamada maioria silenciosa comandada por Spínola, e que Setúbal ajudou a travar graças à formação das barricadas. Ninguém quis mais ouvir falar em Spínola e ele tornou-se o símbolo da extrema direita em Portugal. A partir daí originou-se uma perseguição tão grande que ele teve de fugir para Espanha e foi lá que começou verdadeiramente a formar o ELP.

(...)

10:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

PARA ONDE VAI O DINHEIRO DOS NOSSOS IMPOSTOS?

Durante meses alimentaram-se polémicas em torno dos 13 mil contos obtidos com esse “Dia de Trabalho para a Nação”. De alguma forma a incerteza acerca do destino dessa verba é simbólica da grande pergunta que temos para nos fazer: para onde vai o dinheiro dos nossos impostos?

Mais do que para criar serviços e riqueza os impostos dos portugueses têm servido para aumentar a máquina estatal. Esta cresceu de tal modo que não se limita a absorver boa parte da riqueza nacional como, em muitos casos, abafa a capacidade de iniciativa da sociedade e contribui para a degradação da qualidade da democracia. Veja-se por exemplo o que sucede nas localidades onde as autarquias e os demais serviços do Estado são não só os grandes empregadores como as entidades pelas quais passam todos os negócios: o poder dificilmente muda de mãos e as cumplicidades multiplicam-se.

Enquanto os portugueses continuarem a ser encarados como um bolso sem fundo jamais a máquina estatal se sentirá obrigada a rever o seu modo de funcionamento.

10:15 da tarde  

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